terça-feira, 5 de agosto de 2008

Texto 07 - Museus e Ideologia

O texto irá discutir a ligação entre museus e ideologias na América Latina, focando-se na década de 70, quando foi formulada uma política de museus que mudaria o pensamento museológico.
Apesar de todas as mudanças que ocorreram na sociedade latino-americana, inclusive na área museológica, os museus permanecem sob influências de forças sócio-políticas que governam na sociedade.
Em 1972, em Santiago do Chile, foi realizada uma mesa redonda cujo:
objetivo era discutir, exclusivamente e pela primeira vez, os problemas museológicos da região (...). Entre os temas tratados, um foi crucial: o museu integral (...). Na ocasião, criticou-se os museus da América Latina por não contribuírem para a solução dos problemas da região, não cumprindo com sua missão social .
A partir disso o museu não estará centrado em representar o passado. Preocupa-se, também, em, a partir do presente, formular políticas para o futuro.
Na década de 80 passa-se a pensar o museu como “protagonista de um processo de transformação social” . O patrocínio é encarado como tema político, passando a englobar não só a expressão passiva da cultura (o material), mas englobando as expressões ativas da cultura (o imaterial).
Na teoria, esse patrimônio é considerado como de uso público, de toda a sociedade. Mas na prática seu uso varia conforme a bagagem social de cada grupo. Destacando que a relação entre o grupo e o patrimônio cultural envolve sua participação da criação.
Quando se classifica o patrimônio cultural como “bens de valor e conteúdo universal” esquece-se que o processo cultural é dinâmico e que pode mudar. Quem faz esta classificação são os grupos sociais hegemônicos.
Na atualidade, através das “máquinas de cultura”, os meios de comunicação de massa atingem maior número de pessoas em todas as classes, enquanto que os meios de cultural tradicional ficam restritos a uma camada da sociedade.
Há uma exploração política dos bens culturais, que passam a ser vistos como um “paradigma sociocultural para a presente geração” . Mas, os freqüentadores de museus sabem as mudanças significativas que o patrimônio sofre perante diferentes contextos. Logo, o museu não pode mostrar a realidade—e com isso preservam somente artefatos autênticos—mas está presente na imaginação, cuidando daquilo que representa a cultura.
Hoje a preservação do patrimônio não está centrada no poder público, cabendo à sociedade a preocupação e o interesse na sua manutenção. Quando não há manifestação social, não será dada importância imediata ao bem cultural.
Deve-se destacar, finalmente, que as questões relativas ao patrimônio cultural fogem aos limites marcados tanto pelos profissionais como pelo próprio Estado, (...). O patrimônio cultural ocupará no futuro um lugar de destaque nas esferas políticas e de decisão; amplos grupos culturais reclamarão que sua herança cultural alcance, por fim, o lugar que lhe corresponde na sociedade.

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