terça-feira, 5 de agosto de 2008

Texto 15 - Ecomuseus e arqueologia industrial

O rico texto de Mathilde Bellaigue aborda o desafio de conservação do patrimônio industrial, e a sua relação com o conceito de Ecomuseu.

Valendo-se de sua experiência à frente do projeto de desenvolvimento e de implantação do Ecomuseu do Creusot, Bellaigue nos informa sobre as dificuldades legislativas e econômicas enfrentadas na instituição de tal museu, e nos adverte que, ainda que os primeiros grandes encontros internacionais sobre Arqueologia Industrial tenham chamado a atenção de especialistas do mundo todo para tal vertente preservacionista, foi somente em 1976, na região francesa do Creusot, “que se lançaram as bases de uma política de reconhecimento e valorização desse patrimônio”.

Prosseguindo, a autora reflete sobre as relações entre memória e território, duas noções que ela considera fundamentais à Ecomuseologia, e que “sustentam a filosofia dos ecomuseus em relação ao patrimônio industrial”. Para Mathilde, em tal modelo, “é essencial considerar as condições globais do meio ambiente nas quais os sítios e as paisagens são preservados”.

No modelo de Ecomuseu -em mais do que qualquer outro- a participação da comunidade é fundamental; é ela que, junto ao museu, se conscientiza e descobre o valor histórico, simbólico e estético do próprio patrimônio, tornando-se, assim, o que Bellaigue denomina de “’explicadores’ do seu território”. Ou seja, intérpretes da própria herança. Ademais, “toda ação de conservação do patrimônio industrial visa, tanto quanto possível, motivar os herdeiros desse patrimônio”, como enfatiza a autora.

O texto aborda, também, a inserção da esfera da criação em um Ecomuseu. Ao narrar a experiência do Creusot, que convida um artista para elaborar algumas esculturas tomando como base grandes modelos de fundição do acervo do próprio museu, a autora deseja nos indagar, se, por acaso, “seria então uma utopia desejar associar à história e à arqueologia do patrimônio industrial o imaginário técnico e artístico, dado o risco de subvertê-lo pela superposição entre conservação e inovação [...]?”.

Concluindo a sua instigante explanação, Mathilde nos aconselha a aproveitar que cada vez mais a atuação cultural das empresas é levada em conta, para assim promovermos as noções culturais abordadas, junto aos empresários sensíveis às questões inerentes à preservação do patrimônio.

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