terça-feira, 5 de agosto de 2008

Texto 16 - A Nova Museologia: o que é?

O texto de Marc Maure tem como objetivo inicial definir a Nova Museologia de uma maneira pessoal, levando em consideração a existência de várias outras definições. Porém, antes de estabelecer essa definição, para uma maior compreensão sobre a Nova Museologia, ele fala sobre a diferença entre dois aspectos: A nova Museologia como um fenômeno histórico e a nova Museologia como um sistema de valores.

Para o autor a nova Museologia é um fenômeno histórico, pois é um produto de movimentos culturais dos anos 60 e 70, em que o papel do museu foi julgado e censurado por todo o seu tradicionalismo. Dessa forma a nova Museologia se caracteriza pela criação de novos modelos, buscando uma concepção modernizada.
A Museologia também é caracterizada por Maure como um sistema de valores. Isto por expressar uma ideologia específica, uma filosofia e um estado de espírito que caracterizam certos museólogos.

Após Maure explicar esses dois aspectos, ele define a Nova Muselogia como uma Museologia de Ação, e utiliza um esquema com alguns parâmetros para definir a Museologia. Entre esses parâmetros citamos: a “Democracia Cultural” e “Um Novo Paradigma”.

No parâmetro “Democracia Cultural”, está em destaque a função essencial do museu na perspectiva da Nova Museologia: um instrumento de desenvolvimento social e cultural, à serviço da sociedade democrática. Dessa maneira todos os grupos que existem no Estado-nação possuem os mesmo direitos e possibilidades de consolidação de sua própria cultura, sem existir uma exclusão.

No parâmetro “Um Novo Paradigma”, o autor fala primeiramente da visão monodisciplinar do museu tradicional, que confronta com a visão do novo museu, que prioriza a multidisciplinaridade e a ecologia. Depois, o autor analisa que o novo museu não está disponível a um público indeterminado, e sim a serviço de uma comunidade específica.

A seguir Marc diz que para ele a Nova Museologia não é o contrário de Museologia, se opondo ao ponto de vista de alguns extremistas. Ele a considera uma estratégia que deve ser utilizada em certas situações.

Em seguida o autor define o que é Museologia, levando em consideração outras maneiras de defini-la, e destaca que a idéia principal da Museologia é que ela é uma ciência social.

No parâmetro “A Museologia como Ciência Social” o autor nos apresenta que toda ciência consagrada ao estudo dos fenômenos sociais e culturais pode ser objeto de diferentes práticas, de acordo com a sua utilidade ou com a distância existente entre o pesquisador e o objeto de seu estudo.

Continuando o texto, Marc, faz distinções entre a Ciência pura, onde o cruzamento de conhecimentos teóricos é o objetivo principal da pesquisa. Havendo uma grande distância entre o pesquisador e o objeto de estudo, a Ciência aplicada, objetivo da pesquisa é levar a uma melhor compreensão dos fenômenos a fim de contribuir para a solução da prática dos problemas estudados. A distância entre o pesquisador e o objeto de estudo é relativamente curta, e a Ciência de Ação, cujo objetivo principal da pesquisa é encontrar respostas e soluções práticas dos problemas estudados. A distancia existente entre o pesquisador e o objeto de estudo e muito curta.

Adiante o autor esquematiza o museu tradicional, construção que guarda uma coleção de objetos, e o novo museu, cujo campo de ação engloba o território de sua comunidade; território definido no senso de entidade geográfica, política, econômica, natural e cultural, como museu tradicional uma construção + uma coleção + um público, e o novo museu como um território + um patrimônio + uma comunidade. O novo museu fornece aos membros da comunidade um instrumento que lhe permita aumentar seus conhecimentos sobre o próprio território e sua situação presente.

No parâmetro “Um Sistema Aberto e Interativo” o autor mostra um novo modelo de trabalho museal. Não se tratando mais de um processo onde as operações de coleta, preservação e difusão são efetuadas no museu, constituindo um mundo à parte da sociedade. As diferentes funções não são mais organizadas de uma maneira linear, como no museu tradicional, mas integradas dinamicamente em um processo circular e aberto, tendo por objeto o patrimônio da comunidade.

O funcionamento do novo museu é baseado na participação ativa dos membros da comunidade. Esse tipo de trabalho museal é baseado no dialogo entre museólogos e os membros da comunidade. Estes não sendo mais considerados objetos de estudo, nem receptores passivos da mensagem do museólogo, mas como sujeitos conhecedores das questões que concernem à sua própria história e seu meio ambiente.

O texto nos mostra que isto implica em um novo papel para o museólogo profissional. Trata-se de fornecer aos membros da comunidade os instrumentos conceituais e materiais, permitindo-lhes fazer parte do processo de coleta, preservação, pesquisa e difusão, considerando o seu patrimônio como objeto. O museólogo não é o especialista encarregado de deliberar a verdade, mas um catalisador a serviço das necessidades da comunidade.

Em seu ultimo parâmetro, “Um Método: A Exposição”, Marc nos mostra que uma das características essenciais da nova museologia consiste na utilização de métodos de trabalho baseados no diálogo entre o museólogo e a comunidade, para o estudo, a preservação e a difusão da cultura dessa comunidade.

A exposição constitui uma das mais importantes ferramentas de diálogo e de conscientização de que o museólogo dispõe. As razões residem principalmente no fato de que a exposição constitui uma linguagem visual utilizada e praticada por todos na vida cotidiana. Ela constitui um espaço físico que pode ser utilizado como lugar de encontro, de convivência, de troca e de debate.

O método consiste em engajar um grupo em um processo de pesquisa e de comunicação, em torno de temas ligados a realidade social e cultural dos membros desse grupo. È um processo que compreende várias fases: planificação, pesquisa, documentação, coleta, produção, apresentação e debate.

Um comentário:

Sérgio Mendess disse...

Você é fantástica! Parabéns pelas interpretações, me ajudaram muito.
Grato
Sérgio Mendes.