terça-feira, 5 de agosto de 2008

Texto 13 - Ecomuseu: Captura da duração, expressão transitória da identidade.

Marcel Évrard inicia sua narrativa com o significado da palavra identidade que deriva do latim IDEM que quer dizer: ser o mesmo que si mesmo.E essa identidade é múltipla e diversificada de acordo com o locus (lugar) e o momento.

A partir da consciência de uma pessoa, ela constrói a sua identidade e conseqüentemente as suas memórias. E é a partir da memória que os grupos se diferenciam porém Marcel afirma que “nunca nos identificamos totalmente”, devido às zonas de passagem que fazem o indivíduo a ter vários sentimentos e nessa fusão de sentimentos encontramos a nossa identidade.

Marcel prossegue a afirmativa com um olhar para a museologia e os objetos que são nomeados por ele como “dejetos” pois a museologia preserva, também recicla e reutiliza ações que dão sentido ao fazer museológico e ao próprio objeto que ganha um novo sentido. O museu para Marcel é uma instituição que concretiza a história, pois comprova a veracidade dos fatos da sociedade através desses “dejetos”.

O objeto, como status de relíquia, sagrado, também visa comunicar, pois através do sagrado percebemos que por menor que seja o valor testemunhal de uma outra cultura há nele um valor cultural que caracteriza esse determinado grupo.

Nesse contexto Marcel continua afirmando que o Ecomuseu se propõe a não venerar e nem sacralizar nada. A idéia de preservação se fixa no futuro, tornando o Ecomuseu um museu dos dejetos dos quais nasce o novo, o futuro. Ao se chamar pessoas para atuarem, elas estariam sendo atores de sua própria cultura e nesse aspecto o Ecomuseu preserva o futuro, não sacralizando o passado.

A importância dos objetos no museu serve para provocar, sensibilizar, estimular o visitante dando a ele novas experiências. Nesse sentido o Ecomuseu faz com que o visitante saia da repetição, onde a intenção maior é a interação do visitante com o lugar proporcionando encantamento e novas perspectivas.

O Ecomuseu ou Museu do Presente, que a partir do que já foi construído com as percepções da atualidade sempre nos leva para o que poderá vir, ao novo. O valor do Ecomuseu é estimular, fazer com que o visitante faça perguntas sem respostas prontas ou óbvias. A estimulação de percepções faz com que haja uma volta para si próprio, para o próprio conhecimento.

Marcel Évrard termina a sua colocação alertando para o risco de se ter convicção sobre algo, pois geralmente agimos sem prestar atenção no que fazemos. Para ele é de extrema importância a consciência do que fazemos quando fazemos, quando praticamos os atos.

O fim não é importante e sim a intenção colocada na ação.

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