terça-feira, 5 de agosto de 2008

Caderno 03/Texto 07 - Museologia, Identidades, Desenvolvimento Sustentável: estratégias discursivas.

A paisagem cultural no mundo contemporâneo se configura pela complexidade, pela fragmentação e pela constante movimentação. Os conceitos de sociedade, cultura e nação, que antes eram vistos como conceitos fixos, serão entendidas, agora, como discurso.

A nova ordem da contemporaneidade baseia-se na imprecisão e na relativização das idéias. E é baseando-se nessa teoria que o Museu deve ser compreendido como fenômeno.

O Museu-fenômeno se constrói na relação entre o Tempo, o Espaço, a Memória e os Valores (as Culturas). Compreendê-lo significa “percebê-lo através da experiência de mundo do indivíduo – em si mesmo e na sociedade através do cruzamento de relações (...) com o Real complexo” . Logo, o Museu deixa de ser apenas representação, passando à esfera da organização de conjuntos sígnicos, constituindo o que se entende por Patrimônio.

Museu e Patrimônio são conceitos que se desdobram em muitas categorias. Devemos entendê-los no âmbito da pluralidade, ou seja, não como uma coisa, mas muitas. A relação que existe entre os dois é a relação que “se institui na pratica, a partir das relações de cada grupo social com os tempos e os espaços da memória individual e coletiva” .

Para um melhor entendimento do termo patrimônio, o conceito é explicado como o que se entende de percepções identitárias, estando intimamente ligado à Memória e se fazendo presente em todas as categorias de Museu. Durante muito tempo foi entendido vinculado ao passado, sendo sua natureza uma ferramenta para a construção para o futuro.

Cabe à Museologia estudar as relações entre o Museu e o Patrimônio, “concebendo e atuando estas relações no plano do Real” .

A autora explica metaforicamente identidade como movimento, como processo de ser, vir a ser e deixar de ser. No mundo globalizado em que vivemos, ao pensar em identidade, chega-se à seguinte questão: Quais são as fronteiras que configuram a identidade? Mesmo com essa difusão, essa gigantesca rede comunicacional, ainda existem os extremos? A resposta é sim, porque mesmo que haja essa mundialização ainda se fazem presentes os limites do corpo e da consciência, ferramenta que nos mantêm em contato com o mundo real e o virtual, que delineiam o campo mental de cada individuo, onde se dará a configuração da identidade.

Esse processo muitas vezes não nos permite perceber a grandeza que nos pertence, como indivíduo e como coletividade. Portanto há uma necessidade de se estar em constante afirmação identitária.

Como foi dito, com o advento da globalização, as trocas culturais se intensificam. Os homens, apesar das diferenças sócio-culturais, mantém-se em comunicação. A mundialização e a complexidade da contemporaneidade nos dá a sensação de não-espacialidade, o que nos mantêm em constante itinerância, voltando assim à noção de identidade.

Para entendermos como essa questão da identidade na América Latina, Scheiner recorre à Canclini. Para esta os cruzamentos sócioculturais latinos misturam o tradicional e o moderno, gerando uma grande heterogeneidade cultural.

A proposta de Canclini é pensar a cultura e a produção simbólica do universo latino-americano na interseção entre as diferentes práticas sociais e as diferentes formas de discurso que sobre elas se estabelecem – pois o popular não se define por uma essência a priori, mas pelo modo como a cultura popular é representada no museu ou na academia, ou divulgada pela mídia.

A partir disso, deve-se entender as estratégias pedagógicas do Museu e da Escola com a utilização do Patrimônio.

Mas, o desenvolvimento do moderno em relação com o tradicional não leva à extinção do que é popular e folclorico. Contudo, na contemporaneidade, essas categorias chamadas de “baixa cultura” permanecem em constante mudança, em um processo de transformação de suas matrizes, originando a multiculturalidade e as muitas identidades..

E ninguém melhor do que Paulo Freire defendeu a dignidade dos elementos culturais nacionais e populares (...), que a dignidade humana e as identidades culturais se constróem no cotidiano, a partir da valorização dos traços qe definem cada indivíduo frente a si mesmo e na sua relação com o mundo

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