terça-feira, 5 de agosto de 2008

Texto 37 - Museologia e Desenvolvimento

No texto, a Nova Museologia é analisada sob dois aspectos: 1- como reflexo de uma nova estratégia de Desenvolvimento Econômico e 2 - O Desenvolvimento Integral e as diferentes práticas da Nova Museologia. Ambos contribuíram para o fortalecimento das bases teóricas deste movimento.

O sistema capitalista, desde o seu surgimento, possuiu diversos modelos de acumulação, diferentes estratégias de crescimento e de desenvolvimento econômico. Todos sempre assegurando a manutenção do princípio: mudar o acessório para manter o essencial. Cada novo modelo induzia e exigia uma redefinição do espaço, a reorganização da estrutura social e econômica, a alteração de valores culturais e até morais. Os museus, é claro, não ficaram de fora: sua função e seu papel na sociedade também sofreram grandes mudanças.

A Nova Museologia, geralmente, é associada à contestação social dos finais dos anos 60, a movimentos de defesa do ambiente e à independência dos países necessitados de reforçar a sua identidade cultural. Embora todos estes fatos tenham contribuído para o surgimento da Nova Museologia, o fator mais importante foi o que originou também estes fatos explicitados: o ascenso de um novo modelo de Desenvolvimento Econômico (este aproveita a experiência anterior - concentração do capital e da produção -, as novas tecnologias disponíveis e a valorização de atitudes inovadoras = adaptação de todo o sistema capitalista às novas condições existentes).

O desenvolvimento local e regional, a partir das décadas de 60/70, não é mais visto como derivando do desenvolvimento global do país, mas sim o inverso. A região e o local são vistos como espaços privilegiados do desenvolvimento. Os novos museus vêm ser a expressão do novo modelo de desenvolvimento descentralizado, contribuindo para um processo de unificação social, efetuado numa escala intra-regional.
A Nova Museologia situa-se na vanguarda da reformulação estrutural do capitalismo. O movimento não faz mais do que abrir caminho para se proceder eficientemente às alterações necessárias à sobrevivência do modelo que muitos pensam corroer.

Na segunda parte do texto, onde é abordada a relação entre desenvolvimento integral e as práticas da Nova Museologia, é discutido, primeiramente, o problema da dimensão do conceito de desenvolvimento. Existem diferentes opiniões a respeito da sua natureza e domínio, por isso, é difícil chegar a um consenso. Desenvolvimento Integral também não é um conceito neutro, ele se baseia em escolhas coletivas do domínio filosófico, social e político. Daí pode-se entender como a Nova Museologia que tem uma raiz teórica comum pode ter uma grande diversidade de práticas.

O Desenvolvimento Integral é um conceito global que se prende com as aspirações dos grupos de indivíduos. Quanto mais se alarga o sentido do termo desenvolvimento, mais ideológica vai sendo a sua carga. É através da componente ideológica que o cenário ideal de vida e de convivência em sociedade é projetado: quanto mais o real tender para esse ideal, maior será a sensação de desenvolvimento. Tendo o seu cenário ideal de sociedade e no esforço de diminuir as distâncias entre o real e o projetado, as comunidades ou grupos vão utilizar este instrumento de dinâmica, o Novo Museu, de diferentes formas, em diferentes direções.

O Novo Museu é um instrumento político. Sua adjetivação é em última análise função do adjetivador e da base em que assenta o conceito de desenvolvimento deste. É também um instrumento de libertação: a Nova Museologia deve ser enriquecida e fecundada por um corpo de idéias e por uma prática que partam de e apontem um conceito de desenvolvimento baseado na descentralização espacial, na auto-suficiência, na integração econômica e social, no apoio mútuo, nas escalas reduzidas e no federalismo.

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