terça-feira, 5 de agosto de 2008

Texto 01 - Memória e Museu: Expressões do passado, visões do futuro

Busca a conceituação de memória, ou memórias, através de pensadores, como Bergson, para quem a memória é individual, um mergulho em si mesmo e na experiência de cada um. A memória como uma construção no presente, que se dá através da percepção e da experimentação. A memória coletiva, para Halbwachs, um ato social, que dá origem à memória individual. O que haveria de peculiar na memória individual, seria o pensar a memória coletiva de modo diferenciado por cada indivíduo. A memória coletiva como base da memória individual. A coesão da memória coletiva como um compartilhamento de experiências a nível da afetividade, como uma reiteradora da vivência individual. A memória coletiva onde coexistem as normas, os símbolos, a atemporalidade das lembranças que perduram. A memória coletiva que se baseia na mediação daqueles que fazem do passado, dentro de seus âmbitos próprios, um lugar de significação.
Enfatiza a ancestralidade por seu caráter conciliador dos opostos e, principalmente, seu caráter contínuo, onde se encontra a nossa origem e percebemos que somos a origem daqueles que virão.
Comenta a possibilidade das memórias múltiplas com lógicas próprias.
Focaliza a mudança de memória, que sempre se apóia em um espaço social, como a mudança das idéias do próprio grupo ou indivíduo desse espaço social, comportando também o esquecimento, que junto com a reconstrução definem a ação que passa pela noção de valor. Propõe a integração dos conflitos da memória sintetizada pelo grupo (memória dominante) com a memória fragmentada (memória dominada), sendo a primeira legitimada pelo seu tempo de permanência.
Determina a memória coletiva como um processo cultural a ser transmitida também pela escrita, pela música, pelos museus, além da fala. Indaga, entretanto, da capacidade desses meios de representar a cultura e, em especial o museu e sua linguagem específica, que é a convergência de diferentes expressões de linguagem e expressão material.
Define o tempo e o espaço de cada grupo como próprio de cada um, o que particulariza o sentido dos acontecimentos e da identidade para grupos diferentes.
Identifica a necessidade de memória tanto das sociedades letradas quanto das iletradas, utilizando-se cada uma delas de seus próprios recursos mnemônicos. Aponta a vital importância do objeto como representação do homem em suas mais variadas possibilidades de ser e de se relacionar.
Afirma o museu, dentre outras organizações culturais, como detentor e difusor da memória cultural legitimando a memória coletiva.
Chama a atenção para o trabalho de organização física da memória pelas diversas instituições de guarda, e difusão, assim como o trabalho, dessas mesmas instituições, de regulamentação, que inclui a manutenção ou a modificação das regras sem nenhum prejuízo da função primordial de guardar , organizar e difundir. Essa guarda, organização e difusão apontam o museu como o lugar onde se consagram as diversas memórias; o museu como construtor da memória tanto material como imaterial.
Focaliza o museu tradicional como reforçador da memória do objeto em seu contexto passado, fonte de admiração individual, atribuidora de novos sentidos a esse mesmo objeto.
Percebe a função do museu como organizador da memória cultural, fazendo a conexão entre essa memória cultural e as diversas expressões de memória, mesmo aquelas que prescindem do material, como os sítios musealizados, ecomuseus e museus de território. Atenta para o risco dessas modalidades terem seu fazer cotidiano, onde se apóia sua musealização, tomado apenas por ato cultural e a conseqüente perda de espontaneidade, quando o homem mais interpreta do que vive.
Mostra a nova relação entre o real e a virtualidade da imagem possibilitada pelas redes virtuais. Aponta a virtualidade imagética de, apesar de jamais ter o mesmo poder impactante do objeto real, ser capaz da retenção e modificação da realidade. A possibilidade do engano em se achar que faz parte de nós aquilo do qual, na realidade, nós somos a parte. A possibilidade infinita de poder que a imagem nos proporciona, à medida que podemos projetar e repetir e de assumir o que quisermos sem o abandono de nós mesmos.Quando somos o sujeito e o objeto na criação.

por Maria Helena

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