terça-feira, 5 de agosto de 2008

Texto 17 - Repensando o conceito de museu

O texto resenhado, Repensando o conceito de museu, de autoria de Hughes de Varine e traduzido por Scheiner, é uma transcrição de uma palestra deste autor ministrada no Encontro ICOM/UNESCO sobre Museus e Comunidades em 1986 na Suécia. O texto tem como objetivo apresentar as novas funções que o museu deve desempenhar para a sociedade, assim como propõe uma urgente revisão de suas práticas e de seus métodos por parte dos profissionais que atuam direta ou indiretamente nesta área.

Varine começa sua palestra determinando o papel do museu no mundo contemporâneo. Para ele, essa instituição “[...] deve tornar-se um agente ativo do desenvolvimento geral, e isto porque [...] é um símbolo e um repositório da identidade cultural. [...]” (p.83), e não apenas um reservatório da cultura com a função de apresentar segmentos do saber científico. Dessa maneira, propõe que o museu assuma o papel de instrumento original da comunicação através da linguagem fundamentada nos objetos reais. Pautado nesta visão, o autor estabelece as quatro principais funções do novo museu: banco de dados sobre objetos; observatório de mudanças; meio de produção científica, assim como de integração comunitária; mostruário da atual conjuntura da comunidade.

Em seguida, Varine afirma que este museu proposto deve adotar estas novas funções sem deixar de desempenhar as antigas. E aponta também duas medidas imprescindíveis: eliminar o uso de rótulos (metodologias pré-estabelecidas), pois cada comunidade tem suas características e necessidades próprias; atuar efetiva e simultaneamente no âmbito da ação, da capacitação e da investigação.

Um ponto importante abordado por Varine é a linguagem singular que o museu detém. Segundo ele, num museu fala-se “[...] a linguagem das coisas reais [...]” (p.84), onde “[...] devemos ser capazes de selecionar os materiais para as nossas decisões, para reconstruir constantemente nossa sociedade e o futuro de nossas crianças.” (p. 85).

É interessante também ressaltar as três etapas básicas determinadas pelo autor para a instalação e funcionamento deste novo museu. Primeiramente propõe-se que haja uma orientação técnica de profissionais que não pertençam à comunidade, assim como um suporte financeiro nesta fase inicial. Em seguida, é necessário o estímulo de uma mobilização dos membros da comunidade sensíveis às questões do museu. E, por fim, elaborar uma auto-estrutura de financiamento que possibilite os membros da comunidade intervir no museu com ampla liberdade.

Desta maneira, pode concluir que o texto possui um caráter pessoal sobre suas afirmativas, pois estas são baseadas nas próprias experiências de Varine, principalmente, nas questões dos museus de origem ou de suporte comunitários. Sua leitura é interessante e importante por nos apresentar um demonstrativo da origem de teorias de grande significância no âmbito da museologia contemporânea, visto que este artigo data da década de 80. Principalmente a questão atual de que o museu deve ser um meio pelo qual sua comunidade possa reconhecer-se, desempenhando assim sua função de centro de memória.

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